Os "Abrigos rupestres do Regato das Bouças" estão situados na costa Leste da Serra dos Passos, na margem direita do regato das Bouças, que lhes deu o nome, em terreno de falésias de xisto quartzítico, em paredões protegidos pelas denominadas "palas".
Utilizados durante um largo espectro temporal, entre o Neolítico e o Calcolítico desta região do Noroeste peninsular, o arqueossítio é, na verdade, formado por um conjunto de oito abrigos sob rocha, cujos interiores encerram diversos exemplares de pintura esquemática, onde abundam as figurações antropomórficas e arboriformes, a par de várias representações geométricas, todas elas executadas a ocre vermelho.
O primeiro e mais significativo (pelo menos em termos de monumentalidade formal) destes abrigos possui dimensões consideráveis (aproximadamente dez metros de comprimento) e planta irregular, bastante visível no acentuado desnível observado entre a zona de entrada e a área mais recuada, como sucede naturalmente nesta tipologia arqueológica, em face do aproveitamento (e acomodamento) das suas características geológicas. Aqui, foram identificados dois motivos pictóricos, a saber: barras paralelas entre si e o que corresponderá a uma figura quadrangular preenchida a ocre encarnado.
Quanto aos elementos presentes nos demais abrigos, encontramos, entre eles, um grupo de três figuras humanas semi-esquemáticas apostas na horizontal; quatro antropomorfos fálicos; uma figura humana semi-naturalista, a par de um eventual antropomorfo assente no dorso de um quadrúpede. Na verdade, a presenta deste elemento zoomórfico poderá indiciar uma aparente afinidade com os modelos conhecidos para a generalidade da pintura rupestre, de raiz mais esquemática e seminaturalista (BAPTISTA, A. M., 1987, p. 47). Apesar de poder ser inserido no denominado Grupo Galaico-Português, pertencente ao universo genérico da Arte Rupestre, onde os melhores exemplares parecem concentrar-se predominantemente acima do Rio Minho e, sobretudo, em toda a Galiza (ABREU, M. S., 1995, p. 48), os testemunhos zoomorfos presentes neste sítio parecem constituir uma excepção. Mas apesar desta aparente preferência pela figuração humana, o facto é que três dos abrigos evidenciam apenas uma temática "não figurativa", a sugerir uma diferenciação cronológica na sua realização, resultado imediato das mutações observadas no seio das comunidades que as realizaram.
E ainda que se encontrassem, certamente, relacionados de modo directo com povoados pré-históricos erguidos nas suas cercanias, como no caso da "Mãe d'Água", ainda não foi possível corroborar, até ao momento, esta possibilidade de investigação no terreno.
Encontra-se classificados como Imóvel de Interesse Público no ano de 1992.